Pesquisador acredita que a discussão em torno do fenômeno do Aquecimento Global deixou de ser ambiental para ingressar no meio político.
Pós-doutor em meteorologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial. Estes são alguns dos requisitos que definem o professor Luiz Carlos Baldicero Molion. Porém, uma característica que é a marca deste cientista é a coragem de nadar contra a corrente. Enquanto o mundo inteiro traça estratégias para frear o fenômeno que ficou conhecido como Aquecimento Global. Molion defende com veemência a tese de que a temperatura do planeta não está subindo e que a ação do homem, com a emissão crescente de gás carbônico (CO2) e outros poluentes, nada tem a ver com o propalado aquecimento global. E mais, o professor afirma que ao contrário do que é divulgado pela grande mídia, estamos entrando numa nova era glacial.
ecO2 - Professor, se realmente não estamos vivendo um período de aquecimento, como explicar esse aumento exagerado na temperatura (ou sensação de maior calor) do planeta?
Luiz Molion - Os dados de temperatura coletados por satélites mostram que a temperatura média global, se é que existe uma, vem se reduzindo nos últimos 10 anos. Existe um outro aspecto a ser considerado, no que se refere à sensação de calor. Um fenômeno global, não apenas brasileiros, é a aglomeração de pessoas em grandes centros urbanos. Numa paisagem natural, a água da chuva infiltra no solo e boa parte dela é evaporada utilizando o calor do sol. Isso refrigera o ar. Numa metrópole, com os solos impermeabilizados pelo asfalto e concreto, a água da chuva escorre e vai embora. O resultado é que todo calor do sol é usado para aquecer o ar, o chamado “efeito de ilha de calor urbana”. Nas grandes cidades, a temperatura do ar é 3 a 5°C mais elevada que nas vizinhanças. Portanto, o efeito é local e não global.
ecO2 – Se é fato que o derretimento das calotas é apenas superficial, porque há tanto sensacionalismo por parte de quem defende que há um aquecimento e, principalmente, por parte da mídia como um todo? O que eles, efetivamente, ganham causando esse terrorismo?
Molion - A mídia, de maneira geral, quer vender notícias e catastrofismo sempre foi um dos focos preferidos. Certamente, o Al Gore já ganhou muito dinheiro “vendendo” o aquecimento global. Recentemente, comprou uma mansão de US$9 milhões em Montecito, Califórnia. Algumas ONGs, em particular, fazem muito dinheiro com o ambientalismo, recebendo “doações” de pessoas inadvertidas e de governos que são ou coniventes ou mal-informados. Infelizmente, alguns cientistas também se aproveitam da situação e entram na jogada para terem seus projetos aprovados.
ecO2 – O Sr. é categórico ao dizer que essa questão já deixou de ser ambiental, para ser política. Na teoria, do que eles se beneficiam com todo esse “jogo”? E na prática, o que acontece?
Molion - Existe uma tentativa de “comercializar” carbono. Foram criadas até bolsas especializadas nisso. Portanto, existe muito interesse em ganhar dinheiro fácil nesse aspecto. Por outro lado, é possível que o problema político seja mais complexo. É possível que o aquecimento global antropogênico (AGA) seja uma armação dos países do G7, como foi o caso anterior da destruição da camada de ozônio pelos CFC. O objetivo seria impedir o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, como Brasil, China e Índia. Considerando que 80% da matriz energética global estão baseados nos combustíveis fósseis, reduzir as emissões significa gerar menos energia elétrica e sem energia elétrica não há desenvolvimento no mundo atual.
ecO2 – Para nós, leigos, qual o impacto que essa questão ambiental e política pode nos causar? Ou já está causando?
Molion - A conservação ambiental é necessária para a sobrevivência da espécie humana, mas tem que ser técnica e não sentimentalista, fanática ou religiosa. O gás carbônico (CO2) não é poluente ou tóxico. Ele é o gás da vida! Nós e os animais não produzimos o alimento que ingerimos. São as plantas que o fazem, via fotossíntese. Quanto mais CO2 existir na atmosfera, maior será a produtividade das plantas. Como o CO2 não controla o clima, a redução das emissões de carbono, por meio de protocolos do tipo Kyoto, é inútil. Basicamente, a energia elétrica ficaria mais cara, aumentariam os impostos e os países pobres ficariam mais pobres e dependentes.
ecO2 – Levando em consideração que não haja um aquecimento, até que ponto podemos ficar despreocupados com relação a isso?
Molion - O aquecimento do clima sempre foi benéfico para a humanidade. Todo o desenvolvimento das civilizações humanas, desde os Egípcios, Assírios, Sumérios até os dias de hoje, ocorreu após o termino da última era glacial, há cerca de 15 mil anos, quando as temperaturas estavam 8 a 10°C abaixo das atuais. O Período Quente Medieval, entre 800 e 1300 DC, trouxe riqueza e estabilidade social para a Europa Ocidental. Ao contrário, os períodos frios foram desastrosos, como a Pequena Era Glacial, entre 1350 e 1920, que trouxe fome, miséria e pandemias para toda a Europa.
ecO2 – Haverá um dia que realmente essa situação de alarde acerca do aquecimento global será necessária, ou vamos viver apenas épocas de mais calor ou mais frio?
Molion - Lamentavelmente, os indicadores climáticos apontam para um resfriamento nos próximo 20 anos e não para um aquecimento. E vai ser muito mal para a economia e o bem estar social tanto no Brasil como no mundo. Na última vez que esfriou, entre 1946 e 1976, o cultivo do café foi erradicado do Paraná, por exemplo. Mas, há um paradoxo! Nos trópicos, são as nuvens e chuva que controlam a temperatura. Se está nublado e chove, a temperatura baixa. Porém, num resfriamento global, a atmosfera tende a ficar mais seca. A nebulosidade e as chuvas se reduzem e os trópicos apresentam temperaturas mais elevadas, enquanto as regiões fora dos trópicos apresentam invernos mais rigorosos. Como disse, seria bom se o globo terrestre se aquecesse.
ecO2 – O Sr. atribui a que o fato de a reunião de Copenhagen, no ano passado, não ter tido resultado algum, ou pelo menos, não o esperado?
Molion - A reunião de Copenhague foi um verdadeiro fracasso. A continuar os invernos rigorosos no Hemisfério Norte, quaisquer tentativas para se discutir aquecimento global e redução de emissões de carbono será frustrada. Nesse tipo de reunião, vê-se, claramente, que os interesses são econômico-financeiros e não existe a mínima preocupação com conservação ambiental.
ecO2 – O Sr. acredita que o Brasil explora corretamente seus recursos naturais? Como deveria fazê-lo?
Molion - Não, o Brasil não explora corretamente seus recursos naturais. Para citar alguns poucos exemplos apenas, a Floresta Amazônica não deveria estar sendo destruída, dada sua fantástica biodiversidade e riquezas renováveis, particularmente óleos vegetais, fitoquímica (fármacos). Só utilizamos 30% de nosso potencial hidrelétrico, que é uma maneira limpa e renovável de se gerar eletricidade. Idem para energia solar, que não é aproveitada, em especial no Nordeste e Centro-Oeste. A energia solar, por meio de concentradores solares de calha parabólica, pode fornecer a eletricidade para movimentar as bombas de irrigação e fazer com que o Centro-Oeste produza, teoricamente, 5 safras de grãos a cada 2 anos, com a mesma área já ocupada.
ecO2 – Quando o Sr. escreve artigos como por exemplo o “REFLEXÕES SOBRE O EFEITO-ESTUFA”, qual a real intenção expressa ali? Qual o público-alvo dessas considerações?
Molion - A intenção, nesse caso, é alertar para o fato de o efeito-estufa, da forma que é descrito na literatura climática, não existe e nunca foi comprovado. Se toda histeria do aquecimento global causado pelo homem se baseia na intensificação do efeito-estufa por gases como CO2 e metano (CH4), demonstrando que ele não existe, acabaria o problema. Ou seja, não são as emissões de CO2 e CH4 que controlam o clima. E, todo esse dinheiro que está sendo desperdiçado para controlar a emissão desses gases, poderia estar sendo aplicado para melhorar o índice de desenvolvimento humano e minimizar a pobreza no mundo, por exemplo. Não quero dizer que não exista poluição. Isso é uma outra história. A poluição do ar, das águas e dos solos é um fato real, deve ser eliminada e temos tecnologia para isso. Repito, CO2 não é poluente, é o gás da vida! Infelizmente, a discussão sobre a não existência do efeito-estufa se restringe ao meio acadêmico. Os políticos e tecnocratas ou não têm interesse ou capacidade para entender.
ecO2 – Seja como for, o homem tem condições de sozinho, mudar o clima do planeta? Ou seja, basta querermos que temos esse “poder”?
Molion - O homem não consegue mudar o clima do planeta. As quantidades de energia envolvidas nos processos físicos que controlam o clima são quase imensuráveis, bilhões de vezes superiores a que o homem poderia produzir. A superfície terrestre é constituída de 71% de oceanos e 29% de continentes. Destes 29%, 15% são terras geladas e arenosas (desertos). Dos 14% restantes, felizmente 7% são cobertos por florestas nativas. Ou seja, o homem manipula apenas 7% da superfície terrestre. Porém, o homem tem uma grande capacidade destrutiva localmente, ele muda o clima local quando, por exemplo, quando ele transforma uma Mata Atlântica numa megalópole como São Paulo, ou desmata expondo os solos à erosão, com conseqüente assoreamento dos rios e mudança da qualidade da água e da vida aquática.
ecO2 – Outras considerações importantes
Molion - A conservação ambiental é imprescindível para a sobrevivência humana no planeta. Qualquer atitude nesse sentido, como mudanças de hábitos de consumo, reciclagem de materiais, melhoria da eficiência energética de veículos, maquinas e motores, redução da poluição, é muito bem vinda e deve ser adotada de forma racional. Aqueça ou esfrie, temos que conservar o ambiente, caso contrário, pereceremos!